Conversas d’Ouvido com João (Paulo Saragossa)

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O músico brasileiro João Paulo Saragossa, ou simplesmente João, é o mais recente convidado da nossa rubrica Conversas d’Ouvido. A sua música enquadra-se no indie folk, despido de artefactos, apenas voz e guitarra acústica. A “conversa” foi no mínimo interessante e em certa medida filosófica. O disco da sua vida é aquele que ainda não gravou, mas isto não é tudo, podem ler a seguir a restante “conversa”.
Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
João: Sempre estive em contacto com música desde que me entendo por gente, principalmente por intermédio de meu pai. A paixão veio na adolescência quando descobri que podia me expressar através da música.
Para além da música, qual a(s) outra grande paixão?
Todas as demais artes, especialmente pintura e teatro.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Consigo identificar várias vantagens mas a que mais me importa é ter a posse de um instrumento de expressão da própria individualidade. A desvantagem é a constante contradição do impulso de ser sincero versus a necessidade de ser comercial – não que junção dessas duas seja impossível, mas é rara.
Quais as vossas maiores influências musicais?
Pergunta difícil, pois eu estou sempre em contacto com os mais diferentes tipos de arte e artistas e me interesso por muitas coisas ao mesmo tempo. Me esforçando para responder eu diria que de modo geral minhas letras tem uma influência importante dos poetas simplistas.
Como preferem ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Hoje praticamente só ouço música por streaming. Quando não encontro o que quero, recorro ao download.
O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Nem uma coisa nem outra. A música sempre será produzida independente de como ela é distribuída. Se o streaming está a mudar a forma como a música é produzida? Certamente. Percebo que com o advento do Spotify os músicos de modo geral estão se voltando mais para o álbum do que para o single, uma vez que esse serviço não segue o padrão tradicional radiofónico, o que vejo com bons olhos.

 

 


 

Qual o disco da tua vida?
Pergunta cruel. Eu gosto muito de discos, para mim é a coisa mais importante que um músico pode fazer, é o que fica da sua existência nesse mundo. Vou escapar dessa dizendo que o disco da minha vida é aquele que eu ainda não gravei.
Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Pode parecer piada, mas é o Merveilles, da banda Malice Mizer.
O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Duas bandas japonesas: Malice Mizer, que citei anteriormente, e L’arc~en~Ciel. Elas fizeram parte de um importante movimento do rock japonês conhecido como Visual Kei. Independente disso são bandas maravilhosas.
Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Não me lembro de nada embaraçoso, mas me incomoda quando o publico é frio.
Com que músico gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Nenhum. Me sinto muito individualista ainda para isso.
Para quem gostarias de abrir um concerto?
Para ninguém. Como disse antes, sou individualista demais.
Em que palco (nacional ou internacional) gostarias de um dia actuar?
Não tenho nenhum especial em mente. Gostaria de actuar em todos os tipos de palco, de pubs a ginásios.
Qual o melhor concerto a que já assististe?
Raramente vou a concertos, entretanto um show que me marcou foi o da banda Fresno, pelos idos de 2012.
Que artista ou banda mais gostarias de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Tantos… a maioria mortos ou decadentes. Ainda tenho esperanças de um dia presenciar um concerto da banda Sopor Aeternus & The Ensemble of Shadows, projecto solo de uma artista alemã que nunca se apresentou.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) que gostarias de ter estado presente?
Qualquer concerto feito pelos artistas da Tropicália, movimento artístico brasileiro do final dos anos 60.
Qual o teu guilty pleasure musical?
Musica romântica italiana.
Projectos para o futuro?
O futuro não existe. Somente sigo o que meu coração deseja.
Próximos concertos?
Provavelmente nos próximos meses. Quando os detalhes estiverem definidos anunciarei as datas em minhas redes sociais.
Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
O segundo movimento do Concierto de Aranjuez
Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Eu que agradeço pelo interesse.
Relembramos que podem ouvir o mais recente disco Mais uma História de Amor, através da plataforma Bandcamp.

 

 

FONTE: http://ouvidoalternativo.blogspot.pt