Mário Mata apresentou um tema/canção que revela boa disposição mas também alguma mordacidade, o cantautor expõe-nos a sua visão, o novo single extraído do álbum “Regresso”, editado em 2017, no qual o músico revisita memórias e acrescenta novidades, entre doçuras e amarguras. Musica Total falou com o musico:

Como foi o início da tua carreira?

O início, devo considerá-lo sempre nas  primeiras tocatas em bares no Algarve, onde residia.

Foi um percurso normal e uma boa escola para o que estava para vir.

Naquela época, 1978,1979, começava-se assim, no contacto directo com o público, às vezes sem som, onde o poder de comunicar era vital para que a noite corresse bem.

Não havia concursos, Hoje, é-se lançado às feras, muitas vezes sem preparação, quer seja mental ou musical.

 

 

Quais as principais influências musicais?

As influências eram os storytellers Bob Dylan, James Taylor, Neil Young, Lou Reed, Simon & Garfunkel. Depois ouvia muito rock sinfónico: Genesis (com Peter Gabriel), Yes, ELP, etc.

Em termos de música portuguesa numa primeira fase o Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, José Cid, e , mais tarde, Fausto, José Mário Branco, Sérgio Godinho, José Afonso, Adriano Correia de Oliveira.

 

Em relação a este single, “Estou a precisar de férias”, qual é a ideia?

É uma música descontraída e despretensiosa que reporta o desejo de férias.

É um tema bem disposto, com alguma ironia e tendo como referência, o sul na bússola.

É mesmo uma música de férias, batida forte e um bom refrão.

 

Será difícil conquistar um lugar de destaque em Portugal?

Muito trabalho e sorte. A sorte é preponderante.

 

 

Que tipos de música costumas ouvir?

Sou muito eclético nas escolhas, oiço um pouco de tudo.

A música é o reflexo da alma, daí as escolhas serem díspares.

Há dias de alma cheia… outros não!

 

Qual a meta… vender muitos discos, tocar ao vivo, ou uma carreira total na música?

 

Todas essas opções estão interligadas.

Se se vende muitos discos, faz-se muitos espectáculos, e, por conseguinte tem-se uma carreira total na música.

 

Qual é o sonho para os próximos tempos?

Recuperar o meu espaço no panorama da Música Popular Portuguesa, um espaço só meu, de carácter sócio-interventivo humorístico. Convém referir o conceito de Música Popular Portuguesa e distingui-la da Música Populista. A MPP é o partir dos ritmos tradicionais, estilizando-os harmónicamente, dando-lhe uma nova estética.

A música populista é aquilo mesmo, tal como os políticos populistas, são perigosos.

 

O que achas do atual panorama da música em Portugal?

 

A música em Portugal vai bem, faz-se muito boa música por cá.

O problema são as rádios e as televisões quando nivelam por baixo.

De que serve fazer música com qualidade se não toca nas rádios, e ninguém as conhece?

Acusam-me de fazer música para pensar… Vivemos  a cultura do “não traz bailarinas não presta”

 

 

E dos sites de música em Portugal?

Temos bons escritores de blogues de música, mas, como tudo, há que filtrá-los.

 

O festival de estimação?

 

Apesar de ter participado por duas vezes há muitos anos, deixei-me disso.

A música deve ser considerada como uma forma de expressão na sua plenitude.

Ninguém se exprime de maneira idêntica, ora estar a classificar diferentes formas de expressão, tipo, a minha é maior que a tua, é no mínimo, ingrato.

 

Um pensamento para partilhar com os leitores!

Vou deixar um pensamento que eu partilho de um génio da música, José  Afonso:

“Eu sempre disse que a música é comprometida quando o músico, como cidadão, é um homem comprometido. Não é o produto saído desse cantor que define o compromisso mas o conjunto de circunstâncias que o envolve com o momento histórico e político que se vive e as pessoas com quem ele priva e com quem ele canta.” Entrevista a Viriato Teles, in «Se7e», em novembro de 1985.