Os Mestres Japoneses Desconhecidos chegam à Filmin

No dia 20 de Abril, a Filmin recebe três filmes que oferecem um retrato do Japão contemporâneo do pós-guerra.

rês obras-primas do estúdio Nikkatsu, apresentadas em magníficas versões restauradas em 4K, de Tomotaka Tasaka, Tomu Uchida e Kozaburo Yoshimura, realizadores fora do cânone com filmes nunca antes vistos fora do Japão. São três retratos singulares que testemunham as mudanças da sociedade nipónica ao longo do século XX e que demonstram a riqueza da cinematografia japonesa para além de Kurosawa, Ozu ou Mizoguchi.
O Menino da Ama
De Tomotaka Tasaka (Japão, 1955) 

Um dos três títulos japoneses de 1955 até então inéditos fora do Japão, “O Menino da Ama” é um retrato dos sonhos desfeitos na ressaca do pós-Guerra, e do consequente renascimento económico do Japão, uma autêntica cápsula do tempo da sociedade japonesa que vivia em conflito entre as tradições japonesas e a modernidade, entre os valores nipónicos e a ocidentalização. A interpretação de Sachiko Hidari como Hatsu é uma autêntica tour de force num filme recheado de subtilezas, que irá agradar a qualquer fã de Yasujiro Ozu e que em 1955 entrou no Top 10 do ano da conceituada revista de cinema Kinema Junpô.

Mulheres de Ginza
De  Kôzaburô Yoshimura  (Japão, 1955) 

Retrato cru, e cómico, da vida numa casa de gueixas na capital japonesa, “Mulheres de Ginza” é fundamentalmente um filme sobre a família e sobre o lugar da mulher no Japão do pós-guerra. Aqui a família não é uma questão de sangue, mas a expressão de amor que existe entre estas cinco mulheres, resilientes contra uma sociedade que as condena e um Japão desiludido. Esta obra de Kôzaburô Yoshimura nunca tinha sido estreada fora do Japão e é agora apresentada numa versão restaurada irrepreensível, merecendo um lugar de destaque ao lado de obras mais reconhecidas como “A Rua da Vergonha”, de Kenji Mizoguchi.

Cada Um na Sua Cova
De Tomu Uchida (Japão, 1955) 

Crítico social perspicaz e dono de um estilo artístico único, o cineasta Tomu Uchida deixou-nos uma filmografia ilustre mas pouco vista fora de seu país natal, desde os filmes de samurais às sátiras sociais. Trabalhando dentro do sistema de estúdio japonês, neste caso da Nikkatsu, Uchida oferece-nos um tocante retrato das ambiguidades e contrastes da sociedade japonesa nos anos que se seguiram à declaração de capitulação do Japão na Segunda Guerra Mundial.