O multifacetado artista angolano Lindu Mona prepara-se para lançar o seu quarto e mais recente álbum, intitulado «Muxima», no próximo dia 29 de novembro.

O trabalho, produzido pela Zoomusica e por DJ N.K. (Pedro Cardoso), será apresentado ao vivo no Chá da Barra Villa, em Oeiras, e simultaneamente disponibilizado em todas as plataformas digitais e de streaming. Depois de uma sequência de sete singles lançados com visualizers no YouTube — «Ngasolo», «Ngoma», «Uazeka», «Ginga Amor», «Fado e Nostalgia», «Uelele» e «Santana Muxima» —, o artista revela agora o culminar de uma jornada musical e emocional profundamente ligada às suas raízes.
Um álbum com coração: o significado de «Muxima»
O título «Muxima», palavra que em quimbundo significa “coração”, é o eixo central de todo o conceito do álbum. Mas “muxima” vai além do coração físico — representa a essência da humanidade, o centro das emoções e da vontade, o motor que guia o pensamento e a solidariedade. É um símbolo da hospitalidade, coragem e afetividade que caracterizam o povo angolano.
Inspirado na cidade e comuna de Muxima, localizada na província de Luanda, o álbum transporta uma dimensão histórica e espiritual. A localidade foi, no século XVI, um importante ponto estratégico sob o comando do soba Cafuxi Cá Ambari, tendo sido conquistada pelos portugueses em 1599, quando ergueram a Fortaleza da Muxima e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição — hoje, locais de peregrinação e memória coletiva.
Lindu Mona resgata essa simbologia ancestral e traduz-la em música, explorando o coração como metáfora da identidade e resistência cultural.
Entre o ancestral e o contemporâneo
«Muxima» é um álbum de fusão, que assume o desafio de unir a música ancestral de Angola com as sonoridades eletrónicas contemporâneas. O artista descreve-o como “um desfrutar do antagonismo entre o sagrado e o profano”, um equilíbrio entre a espiritualidade da música tradicional e a energia da música urbana.
Com sete faixas originais e cerca de 26 minutos de duração, o disco é uma viagem sonora e visual. Entre as músicas, duas são estreias e as restantes são temas revisitados de Lindu Mona, agora rearranjados e remasterizados por DJ N.K. O resultado é um álbum que celebra a evolução musical de Angola e homenageia todos os que mantêm viva a sua música de raiz.
O projeto contou com a colaboração de Ritta Tristany na direção vocal, Jorge Silva nos teclados e baixo, Vítor Carvalho nas guitarras e Diogo Antunes no baixo em três faixas. Na vertente visual, o álbum inclui vídeos realizados por Cláudio Realish, direção gráfica de Alberto Kintas e artwork de Firmino Pascoal, num formato que o próprio artista define como Livro/Disco.
A força criativa de Lindu Mona
Por detrás de Lindu Mona está Firmino Pascoal, natural de Luanda, Angola. A sua trajetória artística é marcada pela versatilidade e pela busca constante da inovação. Iniciou-se na música com grupos de rock sinfónico como Tantra e Perspectiva, e mais tarde integrou projetos como Umbada, explorando sonoridades do mundo e aproximando a música africana de novas linguagens sonoras.
Em 2002, fundou a sua própria editora, Zoomusica, através da qual lançou os álbuns «Rosa Afra» (2002), «Bantu» (2010) e «Kalunga» (2023). Como Firmino Pascoal Artista, editou ainda «Milongo de Amor» (2017) e «Africano em Alfama» (2019).
Com uma carreira marcada por concertos em Portugal e no estrangeiro, Lindu Mona é presença constante em festivais de prestígio como o Sete Sóis Sete Luas (Itália), Maré de Agosto (Açores), City of London Festival, Feira de São Mateus, entre muitos outros.
A sua música é uma fusão vibrante de afro, tribal, ancestral e eletrónico, refletindo o diálogo entre a tradição e a modernidade. Com uma sonoridade única, Lindu Mona é hoje uma voz de referência na música angolana contemporânea, reconhecido pelo seu compromisso com a identidade cultural e pela capacidade de emocionar o público.
Uma vida dedicada à cultura e à lusofonia
Além da carreira musical, Lindu Mona é também fundador do Festival Musidanças, criado em 2001, que nasceu da necessidade de unir artistas de países de expressão portuguesa a viver em Portugal. O festival estabeleceu-se como um elo intercultural, promovendo o diálogo entre linguagens musicais e artísticas.
O Festival Musidanças foi objeto de estudo etnomusicológico por Bart Paul Vanspauwen na Universidade Nova de Lisboa, que destacou o seu papel na mudança social e na sensibilização intercultural. Para Lindu Mona, a fusão de culturas é mais do que uma proposta estética — é um ato de resistência e de criação coletiva.
O objetivo de «Muxima»
Com este novo álbum, Lindu Mona pretende chamar a atenção para a riqueza da cultura angolana e a sua influência global. Desde os tempos da escravatura até à atualidade, o povo angolano deixou marcas profundas na música e na cultura de países como Brasil e Portugal. A Kizomba, por exemplo, é um dos frutos dessa herança transatlântica.
«Muxima» é, assim, uma celebração das emoções, da história e da resiliência de um povo que, ao longo dos séculos, espalhou a sua identidade pelos quatro cantos do mundo. É um álbum que honra o passado, vive o presente e aponta para o futuro da música angolana.
No dia 29 de novembro, o coração de Angola vai pulsar mais forte com o lançamento de «Muxima», um álbum que promete emocionar, inspirar e unir através da força universal da música.

















