sUBMARINe: 25 anos de uma viagem sonora entre o trip-pop e o rock português

Em 2025, os sUBMARINe celebram 25 anos de carreira. O projeto nascido em Vila Nova de Famalicão, em abril de 2000, juntou Jorge Humberto e Luís Ribeiro num percurso que atravessa estilos, sonoridades e gerações. A primeira aparição pública foi logo marcante: um curto concerto no Coliseu do Porto, transmitido em direto pela Antena 3, que apresentou ao público uma dupla com uma visão muito própria da música alternativa portuguesa.

 

O mote está lançado para o regresso aos palcos e aos discos. Duas décadas e meia depois, os sUBMARINe preparam-se para revisitar uma carreira onde a inovação sonora e o rigor artístico foram sempre as bússolas da sua viagem musical.

As primeiras ondas: “world flavours” e o reconhecimento da crítica

O ano de 2002 marcou o início das edições discográficas com o EP “world flavours”, uma estreia que surpreendeu a imprensa especializada e foi amplamente considerada um dos melhores discos portugueses do ano. Nesse mesmo período, os sUBMARINe conquistaram o primeiro lugar na edição nacional dos Jovens Criadores, na categoria de música, reforçando a sua posição como uma das promessas mais sólidas do panorama alternativo nacional.

Em 2003, lançaram o EP “[OK]”, que antecipava o primeiro álbum de longa duração. O disco teve boa aceitação pública e crítica, e os seus temas conquistaram airplay nas principais rádios nacionais. Pouco depois, participaram na coletânea “Offline 03”, antes de apresentarem em 2004 o aclamado álbum “spaces&places”, um trabalho que respirava trip-pop e dub, envolto num ambiente lounge sofisticado e atmosférico.

Críticas de publicações como a Blitz, Dance Club e Luso Beat destacaram o cuidado da produção e a maturidade artística do duo. “Spaces&Places” foi descrito como “um dos belos discos tugas de 2004” e um marco no panorama alternativo português.

A mutação sonora e o espírito rock

Depois de dezenas de concertos em salas como o Teatro Circo, o Centro Cultural Vila Flor ou o Teatro Rivoli, o som dos sUBMARINe começou a evoluir. A eletrónica inicial deu lugar a uma sonoridade mais orgânica, marcada pelas guitarras e pelo groove. Em 2005, lançaram o single “the yellow album”, um ponto de viragem onde o rock assumiu o protagonismo sem perder a essência experimental.

O passo seguinte foi o segundo álbum de estúdio, “the next album”, uma produção irónica e ousada desde o título até à estética visual. O single “about you and me” teve forte rotação na Antena 3 e nas rádios nacionais, enquanto “you can get up and dance” conquistou a atenção internacional, sendo escolhido por Gill Mills da BBC Radio 1 para integrar uma compilação da editora londrina Brains for Muscle.

O reconhecimento continuava a crescer, e os sUBMARINe tornavam-se presença constante em festivais e coletâneas, incluindo “Novo Rock Português” (Chiado Records, 2007) e a compilação alemã “Buuh Nazis Erschrecken!!!” (2009).

Em palco: energia, rigor e identidade

Quem os viu ao vivo confirma o impacto. Em declarações à Blitz, Rodrigo Affreixo destacou a performance intensa e a qualidade instrumental: “Em palco, não só confirmam as expectativas como as ultrapassam. A execução instrumental foi de um rigor digno de nota, e o espetáculo visual, com projeções pop-art, complementava a experiência.”

Rui Ribeiro, no Som-Activo, descreveu o som da banda como “eletrónica com requintes de jazz, dub e trip-hop, numa fusão apurada e na quantidade certa”, sublinhando que “se em estúdio são bons, ao vivo são ainda melhores”.

A energia dos sUBMARINe marcou eventos como o Noites Ritual Rock, o Enterro da Gata, a Queima das Fitas e concertos em salas emblemáticas como o Coliseu do Porto, Casa das Artes de Famalicão e o Teatro Académico Gil Vicente.

Reconhecimento e legado

Ao longo dos anos, o projeto mereceu destaque em meios de comunicação como RTP, SIC, Antena 3, Blitz, Notícias Magazine, Expresso, 123Som, Santos da Casa e Musicatotal, entre outros. O consenso entre críticos foi claro: os sUBMARINe sempre demonstraram maturidade criativa, produção apurada e potencial internacional.

Teresa Salomé, na Dance Club, descreveu-os como “seguros, criativos e com um bom nível profissional”, prevendo que poderiam “singrar em Portugal e além-fronteiras”. Já Jorge Medeiros, na Musicatotal, resumiu: “Um dos belos discos tugas de 2004.”

O futuro: 25 anos depois

Em 2025, o periscópio volta a subir. Os sUBMARINe regressam aos palcos e aos estúdios para celebrar 25 anos de carreira, revisitanto temas que marcaram uma geração e apresentando novas sonoridades que prometem surpreender.

Com uma estética sempre cuidada e uma filosofia de experimentação contínua, Jorge Humberto e Luís Ribeiro reafirmam-se como um dos projetos mais coerentes e criativos do panorama musical português. Entre o passado trip-hop e o presente rock, os sUBMARINe continuam a navegar com a mesma curiosidade e paixão que os levou, em 2000, a mergulhar nas profundezas da música alternativa.