A história de um estúdio conta-se de várias formas, mas sobretudo de quem o habita. Se assumirmos que os residentes são criativos ao ponto de juntarem forças e fazerem um dos discos mais inesperado dos últimos tempos, então conseguimos pensar em 5-30.
Fred sentou-se em estúdio. Mas não em frente da sua bateria. Focou no digital e atirou-se à composição de músicas que, na sua mente, fossem a viagem de uma noite. Os altos e baixos. Os momentos, imperfeições e glórias traduzidos em música. A palavra que lhe faltava pediu a um amigo: Carlão. Habituados a experimentar, consumidores compulsivos de música, o som resultou em sofisticação hip-hop, que saiu da porta e percorreu o corredor até a outra porta ao lado: Regula. Ligação direta à escola da rua, do bairro. Entre amigos partilharam os primeiros episódios e traçaram o rumo para uma viagem de palavras e sons de dias e noites intermináveis.
Juntos foram empurrando o relógio até ao ambiente musical mais noturno que se escutou nos últimos tempos. É o beat pelo beat. É a rima pela rima. É a melodia pela melodia. A verdade rimada nos olhos uns dos outros.
É um disco de agora. Num daqueles momentos que todos sabem que a história altera-se naquele preciso momento. Mais do que o hip-hop, a música portuguesa muda com 5-30.